Apresentação
XVI SIMPURB (Simpósio Nacional de Geografia Urbana)
Tema: Cidades, Revoluções e Injustiças: entre espaços privados, públicos, direito à cidade e comuns urbanos.
Em 2017 se comemorou 100 anos da Revolução Russa, enquanto em 2018 se completaram os 50 anos do maio de 1968 (que nem sempre começou ou acabou no mês de maio e teve repercussões por anos a fio em diversas sociedades). Nos últimos anos, rebeliões, revoltas e levantes têm estremecido as ordens políticas e sociais de diversos países em diferentes continentes. O aspecto da luta pelo direito à cidade e pelo comum de todas essas revoluções, rebeliões e levantes é a importância estratégica das cidades, pontos de convergência e de multiplicação dos movimentos das praças, dos parques, das ocupações de ruas, das ocupações de fábricas, das greves e das manifestações por melhores condições de vida cotidiana e contestação da ordem dominante. Esses movimentos também fazem emergir as “minorias”, muitas vezes majoritárias, oprimidas (mulheres, diversidades sexuais, raciais, migrantes), desvelando o múltiplo e o diverso no espaço urbano. O espaço urbano está em disputa, pois ele é lócus estratégico de controle, repressão e opressão por parte do Estado em todas as suas escalas se colocando, na maioria das vezes, ao serviço das classes dominantes. Vive-se, desse modo, momentos contraditórios na reprodução do espaço urbano e esse movimento revela os impasses das lutas e dos movimentos sociais na cidade.
Em 2018 completam-se 10 anos do apogeu da crise financeira que se desenvolveu a partir do setor imobiliário dos EUA e se estendeu para todo o mundo. O domínio da produção do espaço pelo capital financeiro recoloca em novas bases os conflitos e exacerba as contradições pelo direito à cidade. Às condições econômicas agravadas desde então somaram-se crises de outras ordens, sobretudo de natureza política, e que impactaram também a sociedade brasileira e a vida nas cidades. As perspectivas de reação conservadora e o contingenciamento ou descontinuidade das políticas sociais implicam em desafios também para a universidade e para o pensamento social. Como pensar a crise? Como refletir sobre os novos discursos que dela emergem ou nela se reforçam? Como pensar a perspectiva de novas segregações sociais que tendem a surgir? Como enfrentar isso com uma universidade também em crise?